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Case-se com alguém que você também adore ouvir. É fácil reconhecer uma voz com quem se deve casar; ela te tranquiliza e ao mesmo tempo te deixa eufórico como em sua infância, quando se ouvia o som do portão abrindo, dos pais finalmente chegando. Observe se não há desespero ou insegurança no silêncio mútuo, assim sendo, case-se.
Se aquela pessoa não te faz rir, também não serve para casar. Vai chegar
a hora em que tudo o que vocês poderão fazer, é rir de si mesmos. E não
há nada mais cruel do que estar em apuros com alguém sem
espontaneidade, sem vida nos olhos.
Para se casar, bastam pequenas habilidades. Certifique-se de que um dos
dois sabe cumpri-las. É preciso ter quem troque lâmpadas e quem siga uma
receita sem atear fogo na cozinha; é preciso ter alguém que saiba fazer
massagem nos pés e alguém que saiba escolher verduras no mercado. E
assim segue-se: um faz bolinho de chuva, o outro escolhe bons filmes; um
pendura o quadro e o outro cuida para que não fique torto. Tem aquele
que escolhe os presentes para as festas de criança e aquele que sabe
furar uma parede, e só a parede por ora. Essa é uma das grandes graças
da coisa toda, ter uma boa equipe de dois.
Os lábios se buscam, os corpos encontram espaços, mas quando duas
pessoas olham em direções diferentes, simplesmente não podem caminhar
juntas. É duro, mas é a verdade. Sabendo que caminho quer trilhar,
relaxe! A pessoa certa para casar certamente já o anda trilhando. Como
reconhecê-la? Vocês estarão rindo. Rindo-se.
Diego Engenho Novo
Texto completo aqui - Dele e Dela
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