Os líderes judeus tiveram cumplicidade com o extermínio de seu povo e Adolf Eichmann, um colaborador de Hitler, não era anti semita. Bem, a controversa colocação da filósofa Hannah Arendt e sua teoria da banalidade do mal são foco neste longa dirigido por Margarethe Von Trotta. O título dá ideia de um filme biográfico sobre a vida da teórica, entretanto, apesar de alguns desnecessários flashbacks, a narrativa é quase que totalmente voltada ao desenvolvimento da ideia de Arendt. Sem grandes atributos cinematográficos, que fazem o filme sofrer de irregularidade de ritmo e uma mise-en-scène bem básica, o longa se mantém interessante pela figura de Hannah, na boa atuação de Barbara Sukowa, e um roteiro que permite ao espectador um entendimento da personagem e sua teoria sem utilizar de artifícios comumente empregados em filmes do gênero. As falhas existem, mas não chegam a comprometer este interessante documento sobre as ideias revolucionárias da filósofa alemã. A sessão chega ao fim e é impossível não fazer conexões com situações atuais. Hannah Arendt é, também, um wake-up call necessário.
FRANCES HA (Frances Ha) – EUA, 2012
A moça retrata uma geração em transição. De uma espontaneidade jamais contida, Frances precisa lidar com a falta de dinheiro e com a frustração de amar o que faz, mas não ser exatamente boa nisso. De cara, o espectador testemunha a protagonista rompendo uma relação afetiva para não deixar de morar com a melhor amiga. Frances muda milhões de vezes de apartamento, como se estivesse tentando se adaptar ao mundo em sua natureza transitória. O preto e branco é esteticamente cuidadoso ao retratar o meio urbano, onde Frances corre, dança e trava importantes diálogos. É na magnífica atuação de Greta Gerwig, entretanto, que o longa atinge seu ponto máximo. Frances Ha é indispensável a qualquer amante do bom cinema independente.
Texto retirado daqui
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